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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Volta Caboclo!!


Volta, Caboclo!

 Vem das tuas verdes matas para o recesso da minha mediunidade saudosa dos teus benditos fluídos!
Vem incensar minh’alma com o aroma da tua presença querida, fazendo ecoar em meus ouvidos atentos, o “quiô” da tua vibração!

 Vem trazer-me o calor das tuas palavras fluentes, traduzidas na sonoridade das folhas das palmeiras quando se espanam no ar…

 Quero, contigo, apanhar as folhas da Jurema para adornar todo o meu Juremá… Cruzar meu caminho com galhos de arruda e enfeitar minha gira com ramos de guiné…
Vem… Traz o teu arco forte e a tua flecha certeira… Vamos, numa só vibração, penetrar no seio da mata virgem, procurar o inimigo que lá se esconde e desarmá-lo, à pujança do teu braço forte!
Volta, Caboclo! Coloca em minha fronte o teu belo cocar… e entrosa em mim, tua essência pura de aromáticos jardins, contida em tão pequeno frasco!

 Como podes usar-me, tu, enviado bendito das falanges superiores, para cumprimento da tua missão? A que sacrifícios se submete a tua aura, pois, sendo tão grande, consegue incorporar-se num tão diminuto ser!… Mesmo sabendo-me o mais insignificante dos teus médiuns, rogo-te, com ânsias desesperadas na voz e uma saudade torturante em meu coração: “Volta ao teu reino de luz onde impera a verdadeira caridade! Volta ao teu pegi de amor onde te aguardam, ansiosos, os teus filhos de fé e o teu modesto aparelho receptor…

 As ondas vibráteis da minha mediunidade querem voltar a funcionar ao toque das tuas abençoadas mãos… Teu regresso será uma festa emocional onde as lágrimas mal contidas se confundirão com o sorriso de algumas criaturas que não sabem chorar…
Teu ponto riscado iluminado está… teu ponto cantado, entoado num só diapasão de voz, te abrirá ao nosso meio, para aconchego dos que reconhecem em ti, um trabalhador no campo sublime da caridade!…

 Teu assobio atrairá a atenção daqueles que ainda te crêem em missão no Alto e de pronto, estarás entre nós, numa vibração harmoniosa que a todos envolverá.

 Volta, Caboclo! Sem ti sou qual ave sem ninho… Pássaro sem asa… Árvore sem ramagens…
Volta, Caboclo… Minha cabana te espera… A copa dos arvoredos se cobre de flores ao ciclo mágico da primavera… O perfume dos jasmins perpassa pelo ar e o caminho do teu regresso está se aromatizando de incenso, mirra e de benjoim…
Curumins alegres – os teus curumins – vestidos de branco, irão espalhando, pela orla do vale, pétalas cheirosas à tua passagem… Nos cuités, haverá a água de coco fresquinha, o aluá e o néctar precioso que as abelhas produzem… Vem… Tudo se prepara para tua chegada… Os tambores saudarão a tua vinda junto com os aplausos daqueles que respeitam e reconhecem o valor da tua gira!
Volta, Caboclo! Minhas mãos te buscam na sinceridade DESTA súplica onde se patenteia o meu amor por ti e a gratidão ao Médium Supremo por me ter apontado para ser teu pequenino médium! Volta, Caboclo… Volta…

 Autor Desconhecido
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terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Caboclos de Umbanda

 A palavra caboclo, vem do tupi kareuóka, que significa da cor de cobre; acobreado. Espírito que se apresenta de forma forte, com voz vibrante e traz as forças da natureza e a sabedoria para o uso das ervas.

 A marca mais característica da Umbanda, uma religião surgida no Brasil no final do século XIX e início do século XX, é a manifestação de entidades espirituais, por meio da mediunidade de incorporação. Os primeiros espíritos a “baixar” nos terreiros de Umbanda foram aqueles conhecidos como Caboclos e Pretos-velhos, a seguir surgiram outras formas de apresentação como as Crianças, conhecidas, variadamente, como Erês, Cosme e Damião, Dois-dois, Candengos, Ibejis ou Yori. Essas três formas, Crianças, Caboclos e Pretos-velhos, podem ser consideradas as principais porque resumem vários símbolos: representam, por exemplo, as raças formadoras do povo brasileiro – indígenas, negros e brancos europeus – e também representam as três fases da vida – a criança, o adulto e o velho – mostrando a dialética da existência. Além disso, trazem valores arquetipais de Pureza e Alegria na Criança; Simplicidade e Fortaleza no Caboclo e a Sabedoria e Humildade dos Pretos-velhos, mostrando o caminho para a evolução espiritual dos sentimentos, do corpo físico e da mente. Com a expansão da Umbanda, muitas entidades apareceram, como os Baianos, Boiadeiros, Marinheiros e outras, sem falar de Exu, outro grande ícone umbandista.

 Essa diversidade confirma a abrangência desse movimento espiritual que chama a todos e recebe seres encarnados e desencarnados, com vibrações de fraternidade e amizade sob a luz de Oxalá.
Nesse artigo trataremos, mais especificamente, das entidades conhecidas como Caboclos, in­variavelmente presentes nos terreiros de Umbanda, praticando a caridade e cumprindo sua missão espiritual.

 Existem variações no entendimento que os umbandistas têm sobre o que sejam os caboclos. As variações são próprias do movimento umbandista, notavelmente plural, mas há consenso na Umbanda, no fato de que os Caboclos são espíritos de humanos que já viveram encarnados no plano físico e são, portanto, nossos ancestrais. É interessante notar que em alguns cultos afro-brasileiros, os caboclos são considerados “encantados” e se relacionam com os espíri­tos da natureza, recebendo nomes de animais, plantas ou outros elementos naturais. Essa percepção se aproxima das lendas indígenas que narram um tempo em que os animais falavam e viviam em comunhão com os homens, podendo um se transformar no outro, (veja mais nas obras de Betty Mindlin).

 A palavra caboclo vem do tupi kariuóka, que significa da cor de cobre; acobreado. A partir daí vem a relação com os índios brasileiros, de tez avermelhada. Assim, a palavra caboclo passou a designar aquilo que é próprio de bugre, do indígena brasileiro de cor acobreada. Posteriormente surgiu a noção de caboclo como mestiço de branco com índio, o sertanejo. Dada essa relação dos caboclos com os indígenas – nos terreiros de Umbanda é dessa forma que se manifestam -, e aproximando esse fato ao Orixá Oxossi, que em África é cultuado como Odé, o caçador, o Senhor das Florestas, conhecedor dos segredos das matas e dos animais que lá vivem, diz-se que os Caboclos que baixam na Umbanda são espíritos ligados a Oxossi. Muitos entendem que somente esses são caboclos e que as entidades da vibração de Ogum, Xangô, Yemanjá e Oxalá não seriam, propriamente, caboclos. No entanto, há caboclos da praia, do mar e das ondas, das pedreiras, das cachoeiras, dos rios etc., cujos elementos se associam mais aos outros Orixás que a Oxossi.

 Outra maneira de se interpretar as entidades de Caboclo, é como espíritos que se apresentam na forma de adultos, com uma postura forte, de voz vibrante, que trazem as forças da natureza, manipulando essas energias para trabalhar nas questões de saúde, vitalidade e no corte de correntes espirituais negativas. Seu linguajar pode se assemelhar ao dos indígenas, paramen­tados ou não com cocares, arcos e flechas, machadinha e espadas. Aqui estamos entendendo os Caboclos de maneira mais ampla, como símbolo de fortaleza, do vigor da fase adulta, existindo caboclos de Oxossi, Xangô, Ogum e mesmo aquelas entidades ligadas aos orixás femininos, como Yemanjá, Oxum, Yansã. É claro que essas últimas entidades não vêm como índias, mas com uma forma tipicamente relacionada aos seus atributos. Todavia, são entidades que se apresentam como adultos.

 Feitas essas ressalvas, podemos dizer que todas as entidades de Umbanda, especialmente as Crianças, Caboclos e Pretos-Velhos, são espíritos ancestrais que estão ligados, cada um, a um Orixá. Assim, as crianças trazem a vibração dos Orixás Ibeji, conhecidos na Umbanda Esotérica como Yori; os Pretos-velhos vêm sob as vibrações dos Orixás Obaluaiê, Nana Burukum ou Yorimá e os Caboclos podem ser de Oxossi, Xangô, Ogum etc. Também é preciso falar que existem os chamados cruzamentos vibratórios em que uma entidade de Ogum, por exemplo, pode trazer também as forças de outro orixá, como Ogum Yara que além das forças de Ogum, movimenta também as forças dos Orixás das águas, como Yemanjá, Oxum etc.

 Vejamos alguns exemplos de Caboclos de Oxossi: Caboclo Sete Flechas, Caboclo Folha Seca, Caboclo Pena Vermelha, Cacique das Matas, Caboclo Cobra-coral, Cabocla Jurema, Cabocla Jacyra, Caboclo Ventania, Caboclo Caçador e outros. Na linha de Ogum temos: Ogum de Lê, Ogum Beira-mar, Ogum Matinata, Ogum Sete Ondas, Caboclo Biritan, Ogum Megê, Ogum Sete Espadas e mais uma plêiade de espíritos que vêm sob essa vibração. Entre os caboclos de Xangô temos muitos caboclos famo­sos, como Caboclo das Sete Pedreiras, Caboclo Vira-mundo (que vem como Xangô ou Oxossi), Xangô Kaô, Caboclo Pedra Branca, Caboclo da Pedra Preta etc. Para citar alguns da linha de Oxalá, que dificilmente baixam, temos Caboclo Ubiratan, Caboclo Girassol, Caboclo Ipojucan, Caboclo Guaracy e Caboclo Tupi. Esses caboclos, normalmente, vêm fazendo cruzamento vibratório com outros orixás, especialmente com Oxossi.

 Todas as entidades de Umbanda são importantes. Ainda que alguns se orgulhem de serem médiuns de caboclos renomados e tidos como chefes de falange, o que vemos é que quando estão no terreiro, os Caboclos tratam uns aos outros como iguais, mostrando que o que importa é o trabalho espiritual e, como em uma aldeia, tudo é feito em conjunto e com as ordens dos planos superiores. Assim diz um ponto cantado de caboclos: na sua aldeia ele é caboclo, é Rompe-mato e seu mano Arranca-toco, na sua aldeia lá na jurema, não se faz nada sem ordem suprema.

 É também do linguajar de caboclo, que não cai uma folha da jurema (da mata), sem ordem de Oxalá, ou seja, que tudo na vida tem motivo e que nossas ações são registradas na lei de causa-e-efeito, ou lei do karma. Mas isso não significa ficar passivo, esperando o pior acontecer. Os Caboclos também ensinam a termos coragem e a sermos guerreiros na vida, lutando pelo que é justo e bom para todos. No que é possível, os caboclos nos ajudam a entrar na macaia (a mata que simboliza a vida), a cortar os cipós do caminho (vencer as dificuldades) e, se preciso, caçar os bichos do mato (vencer as interferências espirituais negativas). Essa postura é evidenciada em vários pontos, como esse:

 Atira, atira, eu atirei, eu bamba vou atirar Bicho no mato é corredor, Oxossi na mata é caçado.
Cadê Vira-mundo pemba (bis)
Tá no terreiro, pemba, com seus caboclos, pemba.
Veado no mato é corredor, cadê meu mano caçador
E o Caboclo Ventania que me protege noite e dia.

 Para quem vivência o terreiro, que há anos luta as batalhas espirituais e já viu os caboclos vencendo as demandas dos filhos-de-fé, afastando entidades negativas, tratando doenças que a medicina muitas vezes não resolve e dando lições de simplicidade, humildade, coragem e persistência, ouvir ou mesmo lembrar esses pontos cantados, traz uma sensação de alegria que enche o coração, renova o ânimo e nos dá a certeza de que estamos no caminho certo. Melhor do que qualquer leitura sobre caboclo é vê-lo incorporado atendendo quem precisa.

Fonte: Revista Orixás, Candomblé e Umbanda – Ano I – Nº 02
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Caboclo das Sete Encruzilhadas


Caboclo das Sete Encruzilhadas

 Esta história chegou até nós , da T.E.F.L. , há muitos anos através de uma entidade – um caboclo de OXÓSSI – enviado do Caboclo das Sete Encruzilhadas , cujo medium não temos informação se ainda está encarnado. Resolvemos passar este relato , para a forma escrita , para que não se perca na bruma do tempo e da nossa memória.
O Caboclo das Sete Encruzilhadas , é uma entidade muito querida na nossa Comunidade , é o mentor espiritual da TENDA ESPÍRITA FRATERNIDADE DA LUZ.

 Inicialmente , uma rápida explicação quanto à confusão que alguns irmãos fazem , porque o Caboclo das Sete Encruzilhadas e o Exú Rei das Sete Encruzilhadas , são entidades que possuem nomes semelhantes ( são quase homônimos) , porém trata-se de espíritos distintos , cada um deles trabalhando espiritualmente em seu nível vibratório. Ambos prestam grandes serviços para a melhoria e desenvolvimento dos espíritos encarnados. Ambos , estão em constante evolução , mas não existe qualquer relação de dependência entre eles.

 Ao que se tem informação , é que o Caboclo das Sete Encruzilhadas ,é um espírito muito antigo, já encarnado ao tempo da vinda do MESTRE JESUS à Terra e que na roda de suas encarnações , jamais apareceu no nível em que trabalham os nossos “compadres” Exus, como alguns , face à semelhança de nomes , tentam explicar.

 Ao tempo do Brasil Colônia , mais precisamente no Estado do Rio de Janeiro , em uma localidade às margens do Rio Paraíba do Sul , chamada hoje de Barra do Piraí. Precisamente neste local , o rio atingia uma grande largura e o seu leito tomava um aspecto sinuoso, alí existia uma fazenda de diversas culturas , entre as quais e em maior escala ,a do café e da cana-de-açucar. Tal propriedade, era administrada por uma família portuguêsa , que ao contrário de outras existentes nas proximidades, alí não era exigído o braço escravo. Os negros que lá trabalhavam, recebiam além da casa e alimentação , uma remuneração em moeda, por isso era a propriedade mais próspera do local, isto graças à forma de administração adotada por seus proprietários.Próximo dali , vivia uma tribo de indios da Nação Tupi-guarani , com os quais , os fazendeiros mantinham um excelente relacionamento.
O Chefe da tribo, era môço e possuia uma razoável cultura,pois fôra alfabetizado na Capital , apaixonou-se por uma das filhas do fazendeiro, que correspondeu ao seua afeto vindo a casar-se com ele, contrariando os costumes de ambas as comunidades. Após a união, ela engravidou, tendo que viajar à Capital do Rio de Janeiro para tratamento médico, demorou-se algum tempo e ao regressar recebeu uma horrivel noticia : que um grupo de indios estranhos na localidade , de surprêsa , tentaram invadir a fazenda para saqueá-la ,os fazendeiros pediram socorro e os guerreiros Tupi-gurany, vieram , mas não puderam impedir que os pais da moça e seus irmãos fossem mortos. Na batalha , o chefe Tupi-guarany , seu marido ,ficou gravemente ferido ,vindo também a falecer em consequência.

 Ao todo, sete pessoas foram assassinadas pela tribo invasora. E todos foram sepultados , em uma ilha situada no Rio Paraíba do Sul, dentro da fazenda. E a moça grávida , ùnica remanescente da família de fazendeiros , ia todas as tardes rezar na ilha, junto às sete cruzes que demarcavam os locais onde seus pais ,irmãos e esposo foram sepultados.

 Porém , em uma dessas tardes , em que rezava junto ao túmulo do esposo, sentiu-se em trabalho de parto e ali mesmo deu à luz a um menino, seu filho com o chefe Tupi-gurany, cujo corpo estava naquele local sepultado.

 O menino cresceu cercado do imenso carinho de sua mãe e recebeu ensinamento proveniente de duas culturas: a cristã adotada por sua mãe e a outra orientada pelo Pagé da tribo de seu pai. Estudou na Capital do Estado e posteriormente na Côrte , recebendo instrução superior de Direito. Como advogado teve intensa atividade profissional em defesa de escravos nos Tribunais do Rio de Janeiro,que eram acusados de crimes pelos senhores escravagistas. Na qualidade de chefe de sua comunidade indígena , disfarçadamente , invadia as fazendas de regime escravo , libertando os cativos e colocando-os em local seguro. Na verdade ninguém conseguia identificar o chefe que comandava o grupo indígena libertador de escravos, ora ele se apresentava com o aspecto físico de indivíduo alto ,ora baixo , as vezes gordo e outras vezes magro, cada ataque era comandado por uma pessoa diferente e assim ele conseguia se manter no anonimato, consequente a dupla personalidade.

 O seu verdadeiro nome era CABOCLO DAS SETE CRUZES ILHADAS , por ter nascido no local onde existiam sete cruzes em uma ilha ,porém o povo por corruptela o chamava de CABOCLO DAS SETE ENCRUZILHADAS, nome que ele adotou humildemente, até mesmo em sua vida espiritual.

 Tal nome ficou fixado pelo povo escravo , que o adorava , e quando o grupo surgia na estrada eles cantavam uma toada que tinha a seguinte letra:
“Lá vem , lá vem , bem longe na estrada,
Lá vem, lá vem, o Caboclo das Sete Encruzilhadas”.

 A nossa Casa , mantém , desde a sua fundação , em seu ritual de abertura e encerramento de suas sessões espirituais , um ponto ou curimba, com as mesmas características daquela toada , com que era saudado pelo povo escravo:
“Chegou (ou subiu) , chegou , o Caboclo das Sete Encruzilhadas”. Acreditamos que a melodia deste ponto seja a mesma da toada dos escravos.

 Após ter desencarnado , voltou através da mediunidade de ZÉLIO FERNANDINO DE MORAES , em novembro de 1908 , como espírito mensageiro , colocando as bases da UMBANDA, no Rio de Janeiro.

 Antes do ano de 1948 , um grupo liderado por Henrique Landi Junior , nosso fundador , várias vezes dirigiram-se à cidade vizinha de Niteroi , na busca de uma entrevista com o CABOCLO DAS SETE ENCRUZILHADAS , que nem mesmo o seu médium Zélio , sabia o dia e a hora em que voltaria a incorporar. Quando aconteceu o encontro o Caboclo forneceu a orientação para a fundação da TENDA ESPÍRITA FRATERNIDADE DA LUZ , fato que ocorreu em 08 de abril de 1948 ,pautado nas normas umbandistas adotado pela entidade.

 E ao terminarmos , este relato , não poderiamos deixar de considerar aquí o nosso pleito de gratidão a Zélio Fernandino de Moraes , medium do CABOCLO DAS SETE ENCRUZILHADAS , veículo através do qual , esta luminosa entidade nos legou a maravilhosa UMBANDA , fundamentada na
máxima crística: FÉ – ESPERANÇA – CARIDADE.

 Henrique Landi (neto) do G.E.E.H.L.Jr da T.E.F.L.



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ALGUNS PONTOS – CABOCLO DAS SETE ENCRUZILHADAS
Chegou! Chegou!
Chegou… com Deus…
Chegou! Chegou!
O Caboclo das 7 Encruzilhadas!

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Já clareou lá no céu
Iluminou o congá
Aí vem o nosso chefe
Foi Ogum quem enviou
Caboclo das Sete Encruzilhadas
De Oxalá traz a bênção
Ele traz para seus filhos
A divina proteção!

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Eles são 3 caboclos… Caboclos do Jacutá!
Eles giram noite e dia até o dia clarear!
7 com mais 7, com mais 7 vinte e um
Salvamos os 3 setes, todos 3 de um a um.
7 Montanhas gira quando a noite lá chegar,
Seu irmão 7 Lagoas quando o dia clarear,
E ao romper da aurora até a alta madrugada
Gira o Caboclo das 7 Encruzilhadas

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Ovelhas abnegadas
Do Rosário de Maria
Salve Sete Encruzilhadas
Salve a Estrela Guia!

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Sua aldeia estava em festa…
Sua taba toda iluminada…
Saravá o Rei da Umbanda!
Salve Sete Encruzilhadas!

fonte: povo de arauanda worldpress
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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Pai Xoroquê do Brazil

O que é macumba?

por Victor Bianchin; Marina Motomura
Macumba é uma espécie de árvore africana e também um instrumento musical utilizado em cerimônias de religiões afro-brasileiras, como o candomblé e a umbanda. O termo, porém, acabou se tornando uma forma pejorativa de se referir a essas religiões - e, sobretudo, aos despachos feitos por alguns seguidores (veja boxe). Na árvore genealógica das religiões africanas, macumba é uma forma variante do candomblé que existe só no Rio de Janeiro. O preconceito foi gerado porque, na primeira metade do século 20, igrejas neopentecostais e alguns outros grupos cristãos consideravam profana a prática dessas religiões. Com o tempo, quaisquer manifestações dessas religiões passaram a ser tratadas como "macumba". Entenda nas próximas páginas as diferenças entre os cultos de origem africana.

Gira no Congá
 
Cerimônia da umbanda começa com defumação e termina com desincorporação dos médiuns
 
1. Para entrar no congá - onde rolam as cerimônias da umbanda -, o público deve tirar os sapatos em respeito ao solo, que é sagrado. A cerimônia, chamada de gira, começa à noite, por volta das 20 h, e, quando os fiéis chegam, os médiuns já estão lá, incluindo o sacerdote

2. A preparação do congá, local onde ocorrem as incorporações das entidades, começa com a defumação: ervas como alecrim são queimadas num braseiro. O ritual, que purifica e passa energia, é acompanhado de ponto cantado - todas as cantigas são chamadas de pontos na umbanda

3. Em seguida, o sacerdote ministra um tema de reflexão para o dia, como faz o padre em uma missa católica. Também ocorrem a oração de abertura, os pontos de abertura (que saúdam a umbanda), cânticos ao orixá regente (cada orixá tem seu dia da semana) e a apresentação da linha de trabalho do dia

4. O passo seguinte é a saudação aos guardiões (Exu) e guardiãs (sua versão feminina). Nesse momento, todos viram-se em direção à tronqueira, o "altar" de Exu, do lado de fora do congá. Os fiéis saúdam, reverenciam e pedem proteção aos guardiões que protegem o templo

5. Começa a batida dos atabaques e são entoados os pontos de chamada, cânticos que invocam a linha de trabalho do dia. O sacerdote é o primeiro a incorporar o orixá e, depois que tiver recebido sua entidade, comandará os trabalhos, conduzindo a incorporação dos médiuns

6. Cada médium incorpora só uma entidade (entre orixás e humanos, como o Preto Velho e o Caboclo), mas a mesma entidade pode se repetir - é possível ter dezenas de Pretos Velhos num mesmo terreiro. Após todos incorporarem, ocorre o atendimento ao público

7. Ao final do atendimento, é entoado o ponto de subida, canto que embala a desincorporação dos médiuns. Em seguida, é feita uma prece final de encerramento, e a gira termina por aquela noite

Despacho na encruzilhada 

Nem sempre oferenda é indício de magia negra

Os despachos nos cruzamentos ganharam fama de "macumba" porque são uma das expressões mais visíveis dessas religiões fora dos templos. Mas, na verdade, eles são oferendas para o orixá Exu, geralmente pedindo proteção. São colocados em encruzilhadas porque esses lugares representam a passagem entre dois mundos. Existem, sim, despachos feitos para fazer mal aos outros (mais no candomblé, onde não existe distinção entre o bem e o mal, diferentemente da umbanda), mas nenhuma das religiões incentiva essa prática

Aprendiz de umbanda

Entenda como uma pessoa comum pode se tornar médium e incorporar entidades

1. Quem tem interesse em ser mais que um observador da umbanda pode ir às giras e esperar que a entidade incorporada o identifique. A entidade aponta a "vocação" da pessoa: médium de incorporação, ogã (quem toca os instrumentos) ou um cambone (auxiliares dos médiuns)

2. Os que serão médiuns frequentam as giras de desenvolvimento mediúnico, sessões de iniciação fechadas ao público, nas quais os ogãs entoam cânticos chamando a entidade espiritual. O iniciante medita sobre as vibrações do dia e realiza banhos de ervas e oferendas para o orixá

3. Quando o iniciante começa a incorporar, ele entra na "fase de firmeza", em que, incorporado, risca símbolos no chão, acende velas e conversa com o sacerdote sobre sua forma de trabalho

4. Agora o iniciante já pode aplicar "passes energéticos" em roupas e objetos e imantar água. Em seguida, ele passa a poder aplicar os passes em crianças e, enfim, é inserido na linha de atendimento das giras públicas. Em geral, a iniciação termina depois de alguns meses

Festa no Ilê

Cerimônia do candomblé tem sacrifício de animais, farofa e até cachaça

1. Os procedimentos começam à tarde, com o despacho de Exu, fechado ao público. São sacrificados dois animais (uma ave ou um animal de quatro patas, como bode, para Exu e outro para o orixá homenageado do dia). O sangue dos bichos é derramado sobre o assentamento (ou seja, o "altar") do orixá, em oferenda

2. Os membros se reúnem em círculo no barracão, conhecido como ilê, onde também há uma vasilha com farofa com dendê, feijão ou inhame e um copo com água ou cachaça. São feitos cânticos e orações e um filho de santo leva parte da comida para fora do barracão, em oferenda. A porta é batizada com bebida, já que Exu é o deus dos cruzamentos

3. No fim da tarde, começa o toque, a cerimônia pública. Ao som de atabaques, são entoadas as cantigas de xirê, que homenageiam os orixás. Os filhos de santo entram na roda, um a um, em ordem - o filho de Ogum é sempre o primeiro. Começam as incorporações. Os filhos de santo estremecem, sinal de que a entidade foi incorporada

4. O primeiro a incorporar é sempre o orixá homenageado. O filho ou filha que incorporou o orixá assume o comando da festa, dançando e curando doentes. São auxiliados pelas equedes (ajudantes). Aos poucos, os outros orixás incorporam também

5. A um sinal do babalorixá (pai de santo), os filhos se retiram para uma sala onde se vestem com os trajes dos respectivos orixás. Cada orixá tem uma roupa que difere nas cores e nos acessórios, como a espada de Ogum. Quando voltam, já como divindades, todos ficam em pé para recebê-los

6. Os orixás também voltam em ordem, com exceção do homenageado da noite, que entra primeiro. Quando todos já entraram, cada orixá incorporado dança sozinho para uma música tocada só para ele, utilizando toda a área do barracão. Um por vez, todos os orixás fazem sua dança

7. Ao som dos instrumentos, o orixá senta e começa o atendimento, abençoando e tocando os presentes, além de dar passes. Por volta da meia-noite, os atabaques tocam as cantigas de Oxalá, encerrando a festa. Feito isso, partes dos animais sacrificados são servidas em um jantar feito no barracão

A grande família

Conheça os orixás mais cultuados nos terreiros

Oxalá:
É o orixá da criação e "chefe" de todos os orixás no candomblé

Ogum:
Orixá que manipula e forja metais para fazer suas armas

Obaluaiê:
Associado à morte e à passagem para o plano espiritual

Oxumaré:
É o orixá dos ciclos, dos movimentos e do arco-íris

Oxum:
Orixá feminino, é a patrona das águas doces - rios, lagos e cachoeiras

Nanã:
A mais velha dos orixás protege os pântanos e as chuvas

Exu:
Protetor dos caminhos entre o mundo material e o espiritual

Oxóssi:
Orixá da caça, da fartura e da riqueza, é o senhor da floresta

Oçaim:
Orixá das folhas sagradas e das ervas medicinais

Xangô:
Representa o fogo, o trovão e a justiça. Tem um aspecto viril

Iansã:
Orixá dos ventos e das tempestades, é uma entidade passional

Iemanjá:
A orixá dos mares e oceanos. É mãe de alguns orixás

Aprendiz de Candomblé

Entenda como uma pessoa comum pode se tornar filho de santo

1. Durante uma festa, a pessoa "bola no santo", tendo tremores que indicam que deve ser iniciada no candomblé. O abiã (iniciante) geralmente veste branco

2. O bori é a cerimônia em que o iniciante faz oferendas para o orixá. Ele também sacrifica aves, como pombos, e depois é marcado com o sangue dos animais

3. Durante 21 dias, o iniciante se recolhe a um quarto chamado roncó. Lá, ele aprende danças, orações, mitos e detalhes sobre seu orixá. Ele não bebe álcool e não conversa

4. O recolhimento é encerrado com o sacrifício de um animal quadrúpede. Ao final, ocorre uma festa chamada orô, em que os abiãs saúdam os presentes, depois dançam e finalmente incorporam seu orixá em público

A orquestra do Orixá

Divindades são chamadas com instrumentos de percussão

Os instrumentos tocados pelos ogãs são, principalmente, atabaques, espécies de tambores que ditam o ritmo da dança. Outros instrumentos bastante usados são o agogô, que traz dois funis metálicos, tocados com uma vareta de ferro, e o xequerê, que é uma semente de cabaça cercada por uma rede de malha com contas, tocada como se fosse um chocalho. O instrumento macumba, que deu nome ao culto, hoje pouco utilizado, é parecido com um reco-reco

Consultoria - Babalorixá Antonio Carlos Jagun, autor do livro Beabá dos Orixás; Rodrigo Queiroz, sacerdote do Templo Escola Umbanda Sagrada, e Marina de Mello e Souza, professora de História da África da USP
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